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Entre palavra e imagem, entre arquivo e fabulação, A água é uma máquina do tempo, de Aline Motta, reúne diversas linguagens artísticas e reconfigura memórias ao se valer de uma percepção não-linear do tempo. Construindo um mosaico fluido de épocas a partir de documentos históricos, a artista-escritora cruza diversos planos entre si, num percurso que passa pelo luto por sua mãe e vai até o Rio de Janeiro de fins do século XIX, através dos fragmentos que reconstroem as vidas de Ambrosina e Michaela, antepassadas da autora.
Ao aliar criação e pesquisa, Aline Motta expõe as várias formas de rasura que a herança colonial impõe à nossa história.
Na orelha do livro, Ricardo Aleixo escreve: ???No afã de dar corpo a esse ???tentar narrar??? o talvez inenarrável ??? as lacunas, fendas, dobras, os invisíveis liames, os desvãos da história ???, Aline nos oferta uma obra que, em suas palavras, resulta
de um processo de criação tão obsessivo e extenuante que bem pode ser definido como uma espécie de possessão???.
Comovente e contundente, A água é uma máquina do tempo funde o poético e o documental e faz da imaginação um ato político de transformação.