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Escritos entre 1957 e 1990, estes contos refletem não apenas a evolução da escrita do autor, mas também os seus temas recorrentes. Kenzaburo Oe foi construindo aos poucos um universo tipicamente japonês, habitado por personagens que jamais poderiam ser ocidentais. Os contos “O homem sexual” e “Em português brasileiro”, tratam de um tipo de incomunicabilidade muito nipônica, em que algo importante deixa de ser dito, numa tentativa nem sempre bem-sucedida de preservar a harmonia social. O delicado equilíbrio dentro da família Oe, que inclui um filho com deficiência cerebral, está retratado em “Viver em paz” e “A dor de uma história”, supostamente narrados pela filha do escritor. Já em “Seventeen”, um dos contos mais polêmicos, Oe se baseia no assassinato do presidente do Partido Socialista japonês, nos anos 1960, por um adolescente ultranacionalista, para refletir sobre o nível de fanatismo que as ideias políticas podem incutir num indivíduo confuso ou ainda malformado. Na época, o conto foi duramente atacado por ambos os extremos do espectro político. A visão sem ilusões, porém compassiva, que Oe tem da existência humana amarra todos os textos. Repetidas vezes, ele afirmou que sua obra trata da inegociável dignidade dos seres humanos.